CURIOSIDADES DO MINEIRO 2012
POR: FLÁVIO TOLEDO
Para muitos, o Campeonato Mineiro não passa de uma pré-temporada de luxo como preparação para o campeonato Brasileiro. Outros dizem que é uma espécie de laboratório para se testar jogadores e esquemas de jogos. Há ainda o grupo mais pessimista que sustenta o velho discurso do ex-presidente Zezé Perrela, cujo qual denominava o certame como sendo um torneio "Rural" sem qualquer representatividade. Finalmente existem aqueles que sustentam ser a única oportunidade para os times do interior se manterem vivos e em evidência, à míngua de outros torneios de maior expressão... Bom, qualquer que seja sua opinião, o certo é que o velho Campeonato Mineiro sobrevive para a tristeza de uns e alegria de outros tantos.
Não se pode olvidar ainda, que em torneios dessa natureza, torna-se comum a consolidação de marcas pessoais e coletivas, a criação e quebra de tabus, a superação individual de atletas e comissões técnicas, além é claro de revelar boas promessas para o futebol. Para completar, é sempre bom lembrar, que são nos torneios regionais que as rivalidades locais ganham ênfase, principalmente entre Cruzeiro, Atlético e América, os gigantes de Minas, que mais uma vez se apresentam como favoritos à conquista do caneco.
Nesse ano, penso que as torcidas dos três clubes têm razões de sobra para desejar a conquista. Pelo lado do América, o título seria a consagração já que vive o ano de seu centenário. O Coelho sabe que deverá se esforçar pois dificilmente terá outra oportunidade de conquistar um título em 2012. Isto porque tem um elenco apenas razoável, preso às suas próprias limitações, principalmente de ordem financeira, já que as modestas contratações feitas para a temporada não permitem grandes aspirações. Já para o Galo o triunfo significaria o pontapé inicial para uma nova era. Isto porque sua torcida anda desejosa, desde os idos da decada de 80, por um novo bom momento do clube, principalmente dentro dos gramados. A torcida avlinegra espera pacientemente e acredita que em 2012 tudo será diferente. O Cruzeiro por sua vez busca a volta por cima. O desastre de 2011 com a péssima campanha e o fracasso da libertadores ainda amarga como fel para a torcida acostumada às vitórias e títulos. O esperado bi-campeonato serviria ainda para mostrar ao maior rival quem é que manda em Minas já que nos últimos 10 campeonatos o Cruzeiro levou 6 vezes o título e o Galo venceu somente 3. Busca ainda se igualar ao rival em títulos do torneio pois o Galo tem 40 e a Raposa 36. Pelo interior a esperança é que o Villa Nova, que mescla um bom elenco com jogadores conhecidos em Minas com passagens pelos grandes clubes e ainda o Nacional de Nova Serrana, apoiado pelo time celeste, façam frente aos times da capital, retirando-lhes o favoritismo e tentando pelo menos se classificarem para as fases finais.
A história tempera mais uma vez o certame, os números e as estatísticas fomentam e acirram as rodas de bate-papo. O número seis não sai da cabeça do atleticano. Quando assumiu o Galo no ano passado (contratado para livrar o time do rebaixamento) Cuca estreou com 6 derrotas consecutivas, mas acabou livre do fantasma do rebaixamento, amarga ainda a derrota para o Cruzeiro pelo placar de 6, mas esse ano se reabilitou e já emendou 6 vitórias consecutivas no certame local e está invicto na temporada. Para se ter uma idéia da importância desse marca, esse feito foi alcançado a última vez há longínquos 17 anos. Desde 1995 o Atlético não ganhava 6 partidas seguidas. O Galo promete uma nova filosofia, vamos aguardar.
Ainda dentro dos números, a Raposa apresenta-se há quatro jogos seguidos sem sofrer nenhum golzinho. A última sequencia como essa aconteceu justamente no comando do técnico Cuca no fianl de sua passagem pelo clube da Toca em out/2011. Sequência melhor que essa só se viu em 1997. Naquela ocasião o time dirigido por Nelsinho Batista ficou 6 partidas sem tomar gols. A marca dessa temporada é comemorada na Toca, pois de quebra tornou-se a melhor defesa do campeonato mineiro (sofreu apenas três gols), feito importante, pois a zaga vem sendo contestada pela torcida desde o ano passado. O América também já quebrou seu tabú nesse início de temporada. Na excelente vitória sobre o Nacional pelo placar de 5x2, válido pela terceira rodada, que lhe valeu a liderança naquele momento, e ainda igualou o feito visto a última vez há 18 anos, pois o Coelho não vencia as três primeiras partidas no estadual desde 1994.
De agora em diante a emoção vai ser uma tônica, pois a liderança significa vantagem nas finais, quem ganha é o torcedor que anda carente de futebol de qualidade. Então vamos lá, as cartas já foram dadas e a sorte está mais uma vez lançada. Fica nossa torcida para o engrandecimento do futebol mineiro que passa um mau momento. E, em época de má fase dos clubes de Minas, e debruçados em questionamentos sobre o futuro do certame regional é sempre bom lembrar: "o que seria desse torneio romântico se não fosse a tal rivaliade?".
Abraço a todos!
Flávio Toledo - Comentarista Esportivo do Programa Panorama Esportivo